domingo, 8 de novembro de 2015

A perder peso

Salvo erro, tinha começado a gravidez com 72 Kg. Acho que a minha última pesagem grávida de gémeos tinha sido de 83 Kg.

Pesei-me na balança das enfermeiras dos Lusíadas 1 semana após o parto, quando lá fui para o dr ver a cicatriz da cesariana. Nessa pesagem já estava novamente com 72 Kg.

Anteontem pesei-me novamente, 3 semanas depois do parto,  mas desta vez foi cá em casa. A balança registou 69Kg. Yeahhhh!!

sábado, 7 de novembro de 2015

O Parto dos Gémeos

Finalmente tenho um tempinho livre (cerca de 1h até dar de mamar a um deles) para contar como foi o parto dos gémeos.

Como sabem, fui seguida durante toda a gravidez na Maternidade Alfredo da Costa, visto que o tratamento FIV/ICSI que teve sucesso foi feito lá, e como tal, tive direito a ser lá seguida durante a gravidez. Foi uma gravidez de risco, por ser uma gravidez gemelar, com o risco de poderem vir a nascer prematuros ou muito prematuros (é normal isso acontecer com uma gravidez de gémeos) e por isso foi uma gravidez acompanhada de perto com mais consultas, ecos, CTGs que uma gravidez normal de só um bebé. Estive decidida a fazer o parto dos gémeos na MAC, mas o medo de falta de apoio durante o parto (o parto de gémeos na MAC é sempre feito no bloco e por isso não permitem acompanhante) e no internamento do pós-parto fez-me mudar de ideias, e por isso fiz o parto nos Lusíadas (caso passasse das 34 semanas de gestação, senão os Lusíadas teriam de me encaminhar para a MAC), onde o pai pode estar presente no parto de gémeos (quer seja cesariana ou parto normal) e pode dormir lá, ajudando a mamã no que puder (visto que se fica muito debilitada fisicamente e tratar de 2 bebés não é fácil), e ainda, as visitas ficam com um horário muito alargado (das 10h às 22h) para poderem estar presentes no horário que lhes for mais conveniente.

Desta forma, mantive as consultas da MAC e tudo o resto até ao final. Quando fiz as 34 semanas anunciei na MAC que o parto seria noutro lado, mas que sendo uma gravidez de risco, que iria fazer ali na MAC o acompanhamento até ao fim, porque se aparecesse algum problema, o parto seria feito na MAC - a saúde dos bebés sempre em primeiro lugar. Mas como não apareceu nenhum problema, fez-se o parto nos Lusíadas.

A posição dos bebés na minha barriga ditou o tipo de parto que seria necessário para poderem nascer (opinião consensual na MAC e nos Lusíadas): como eles estavam transversos (deitados), não tinham espaço para dar a volta, logo a única forma de nascerem era através de cesariana. Na MAC, a Dra Teresinha (a especialista de gémeos) recomendou que o parto de gémeos não devia chegar às 38 semanas, que deve ser feito às 37 semanas.
E assim se marcou a cesariana programada para as 37 semanas + 5 dias (sexta-feira dia 16 de Outubro), marcada no dia em que fui fazer o único CTG nos Lusíadas (os CTGs na MAC tinham acabado na semana anterior), para as 14h.

Às 8 da manhã de sexta feira dia 16 de Outubro, fiz a última refeição antes de entrar em jejum para a cesariana.
Dei entrada no internamento às 11h, fui a uma consulta rápida com 2 médicas (que suponho que fosse a consulta de anestesia, pelo carácter das perguntas que me fizeram) e como não havia quartos disponíveis naquele momento, fui encaminhada para uma sala do bloco de partos, onde fiquei deitada, fui sendo monitorizada com CTG, foram verificando a minha tensão arterial... Foi ali que me colocaram o soro na mão esquerda (sempre fui muito mariquinhas com a agulha do soro, sempre me fez doer), mas o soro era um soro especial, açucarado, porque informei que estava com diabetes gestacional (tal como a dra da nutrição me tinha dito para fazer, para avisar da diabetes). Estive ali deitada sozinha talvez durante 1h, sentia-me stressada com tudo o que se iria passar, tinha um relógio grande na parede à minha frente e restava-me olhar para os ponteiros a passar. Fechei os olhos e tentei fazer alguma terapia de relaxamento, imaginando-me num sítio onde já estive e onde me senti bem, tentando visualizar os pormenores desse sítio. Imaginei-me nas Maldivas, a fazer snorkeling e a ver muitos peixinhos coloridos, a ver a barreira de coral, a ver a praia magnífica com aquele azul lindo turquesa no mar. Fui interrompida neste pensamento pela chegada do meu marido, que finalmente apareceu vestido de bata azul e pode permanecer ali comigo a ocupar o resto do tempo com conversa. Pedimos para ligar a música na sala e estivemos a ouvir as músicas que iam passando na Rádio Comercial. Entretanto ele diz-me que rasgou as calças, precisamente no meio das pernas, e fartei-me de rir, e ria, ria de tal maneira que o CTG abanava todo e deixava de apanhar os batimentos cardíacos, mas com as minhas mãos lá reposicionava o CTG e voltava a apanhar tudo. Assim se passou o tempo num instante até às 14h, altura em que me foram buscar para fazer a epidural, já no bloco onde seria a cesariana.

No curso de preparação para o parto, tinham dito que na epidural só custava a picada inicial, que era só uma injecção para adormecer a pele, e depois seria inserida a agulha por onde passaria o cateter que ficaria alojado na coluna, mas que isso já não doia. Pois, comigo foi ao contrário, senti a tal picadinha para adormecer a pele, mas depois a parte da inserção da agulha doeu, doeu de tal forma que arqueei a coluna (não o devia ter feito, mas não consegui evitar) quando senti a dor. O anestesista era muito simpático e ia dizendo tudo o que estava a fazer, para eu não me assustar com o passo seguinte, avisou que iria sentir uma pressão na coluna (que senti), avisou que ia sentir um choque na perna direita (que senti) e avisou que ia sentir as pernas dormentes (e senti). Levei 2 epidurais, não sei se foi por causa de eu ter arqueado a coluna ou se foi mesmo preciso levar 2. Ou seja, passei por aquela dor da epidural 2 vezes. Eu suava por todos os lados, suava e respirava rapidamente, de tão assustada que estava. Suei tanto que até se descolou o autocolante do peito, da monitorização cardíaca. A posição em que me mandaram estar, para levar a epidural, foi deitada de lado, com as pernas encolhidas o máximo possível e com o queixo a tocar no peito. Tinha uma enfermeira a bloquear as minhas pernas com o corpo dela, para eu não mexer as perninhas, e a segurar-me a cabeça, para não mudar de posição. Perante o cenário de dor que estava a passar, ela ofereceu-me a mão dela para eu apertar... e eu apertei tanto, coitada, foi uma querida.

Epidural estava dada e estava a fazer efeito. O anestesista disse que seria normal eu sentir-me enjoada com a epidural, mas não senti o enjoo. Fui algaliada, já com a epidural, para não fazer xixi para onde não devia. Sentia a perna direita completamente dormente, e a esquerda não sentia toda dormente e conseguia mexer o pé. Perguntei se era normal e disseram que sim, que era normal. Depois perguntei se caso me assustasse com alguma coisa, se ia conseguir mexer a barriga sem querer (já que conseguia mexer o pé) e disseram-me para não me preocupar com isso, que não ia mexer-me. O que é certo é que nem dei conta de me fazerem o corte na barriga. Nessa altura já tinha um paninho verde a bloquear a minha vista, para eu não ver o que me estavam a fazer na barriga. O anestesista esteve sempre ao meu lado e ia metendo conversa, para me distrair.
Já tinha começado a cesariana quando deixaram entrar o marido na sala, e mandaram-no sentar-me atrás de mim. Eu nem sabia que já estava de barriga aberta quando ele entrou (ele é que me disse, e avisaram-no para não olhar quando passasse ao meu lado). Na MAC, a anestesista tinha-me dito que com a epidural ia sentir mexerem no meu corpo, mas não iria sentir dor. De facto, sentia estar a ser abanada na barriga por todos os lados, mas nem sabia o que me estavam a fazer... num instante ouço dizer que o 1º gémeo já ali estava fora e baixaram o pano para eu ver... e vi um bebé a chorar, barrado com aquela coisa que parece margarina, que trouxeram até mim para eu dar um beijinho na testa. E assim cumprimentei a Inês. Estava abananada por ver um bebé que tinha acabado de sair de dentro de mim, e uma emoção enorme tomou conta de mim e desatei a chorar. Eram 14h50. O marido foi atrás da bebé, para acompanhar o registo do peso e tudo o resto, ali mesmo ao meu lado esquerdo, e eu a ver tudo. Mais uns abanões na barriga para um lado e para o outro e 4m depois, estavam a dizer que estava ali o 2º bebé, também baixaram outra vez o pano para eu ver. E eu abananada com aquilo tudo. Os bebés tinham nascido!
De seguida, desliguei do que me estava a ser feito durante a cesariana, porque tinham colocado os dois bebés em cima do meu peito, e eu queria vê-los, conhecer aquelas caras com quem tinha vivido todos estes meses sem nunca os ter visto, os meus filhos (dizer "os meus filhos" soa a estranho, não estou habituada a dizer isto). O meu marido segurou-os em cima de mim e de seguida ele foi vestir a primeira roupinha nos bebés, ali do meu lado esquerdo. Passou-me a máquina fotográfica para a mão e estive a fotografá-lo enquanto ele os vestia... e a cesariana continuava a decorrer, mas eu continava a ignorar tudo o que me estavam a fazer na barriga. Terminou a cesariana, mudaram-me da mesa de operações para uma cama, colocaram-me os bebés um em cada braço e fui levada para a sala do recobro, onde ambos os bebés foram colocados logo a mamar (e tinha já colostro para lhes dar).

Foi tudo maravilhoso (excepto a tal dorzinha da epidural, mas isso é o menos) e não trocava aquele parto nos Lusíadas por outro parto (o da MAC). Valeu a pena ter tido o marido presente na cesariana, tornando aquele momento do parto num momento muito humanizado, com uma excelente vivência de bem estar.

O resto da história, do internamento, vai ficar para outra vez... já está na hora de dar de mamar a um dos gémeos.

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Perdida no tempo

Desde que os gémeos nasceram que não sei o que é dormir decentemente... eles têm de comer de 3 em 3h. O problema é que estão a dormir e é preciso acordá-los para que comam (recuperar o peso perdido é mais prioritário que o sono deles), mas... estão tão adormecidos que levam imenso tempo a acordar. Técnicas para os acordar consistem em colocá-los desconfortáveis: despi-los, fazer-lhes festas com energia na coluna, despenteá-los com festas da nuca para a testa, fazer-lhes cócegas nos sovacos, mexer-lhes nas orelhas, mexer-lhes na planta dos pés, trocar a fralda... vale tudo. Isto demora muito tempo a fazer até que estejam acordados e prontos a mamar. Depois, enquanto mamam, adormecem, e lá estou eu novamente a fazer-lhes malandrices para que não se esqueçam do que estavam a fazer... e a mamada vai assim decorrendo até que já não os consigo acordar mais. Levanto-me, deito-os na cama na esperança de que durmam, mas parece que a cama tem "picos" e mal os deito, acordam, levam as mãos à boca, abanam a cabeça como quem procura a mama, e choram. Pronto, afinal parece que querem comer mais um pouco e voltam à mama até adormecerem novamente... E estamos nisto até que fiquem a dormir na cama. Quando o conseguimos, olhamos para o relógio e vemos quanto vamos poder dormir até chegar a hora de repetir isto tudo com o próximo gémeo. Eles têm horários diferentes e não mamam os dois ao mesmo tempo, mas para tal, precisaria de ajuda para colocar os 2 à mama, mas no curso de preparação para o parto desaconselharam amamentar os 2 ao mesmo tempo, porque se um se engasgar, precisar de ajuda e não tivermos ninguém por perto pronto a ajudar, não podemos largar o 2º gémeo para socorrer o 1º.
E assim se tem dormido pouco cá por casa... por vezes dormimos meia hora entre a vez de se tratarem dos gémeos, outras vezes conseguimos dormir mais.
Esta privação do sono deixa-me desorientada, nem sei em que dia da semana estamos.. mal tenho tempo para ver noticiários (só esta semana consegui ver tv novamente, desde que nasceram). Acreditam que ontem julgava que era 3ª feira? Quando na verdade já era 5ª feira?
Desde o parto que me doem imenso as costas... talvez seja da posição de agarrar nos bebés para amamentar, talvez seja um descompensar da coluna, que esteve estes meses todos a suportar tanto peso e que de repente esse peso desaparece. Tem sido uma tortura estar sentada a amamentar e amamentar deitada não me dá jeito. A única posição em que não sinto dores nas costas é quando estou deitada na cama...

E assim é o dia a dia (e noite a noite) a tratar dos gémeos... não há tempo para nada.