terça-feira, 23 de setembro de 2014

7ª FIV/ICSI: Punção

Ontem foi o dia da punção, tendo seguido à risca todas as indicações que me foram indicadas, para preparação da punção.
punção
Punção

Às 8 da manhã lá estávamos nós na MAC, à espera de dar entrada para a punção. Quando finalmente fui chamada (quando chegou a Dra Teresinha), fui levada para o vestiário para me despir, vestir a bata com a abertura para a frente, calçar as meias que levei de casa, vestir o roupão que levei de casa, meter a touca verde na cabeça, e os pezinhos nos pés. Por fim, calcei os chinelos que levei de casa. Requisito obrigatório antes de ir fazer punção: esvaziar a bexiga, mas existe um WC no vestiário e tratei logo disso.
Assim que fiquei pronta, saí do vestiário e fui até à entrada do corredor do bloco, onde já me aguardava uma auxiliar. Os chinelos ficam ali à entrada do corredor, andando somente com os pezinhos calçados dali para a frente.
Fui levada para a sala do recobro, onde me meteram o soro na mão (detesto esta parte, faz-me sempre doer as costas da mão) e fiquei sentadinha na cadeira, à espera de ser chamada para ir para o bloco. Entretanto ouço a Dra Teresinha dizer lá de dentro "Hoje temos um senhora que vai dar trabalho!", ou seja eu, com as muitas "pipocas" que tinha ali comigo.
Depois de um pouco de espera, enquanto se coordenavam lá dentro, chamara-me para ir para o bloco. Fui a caminhar até lá, onde me deitei na marquesa, amarraram-me as pernas e braços, por causa dos movimentos involuntários que fazemos durante a punção, meteram o oxímetro no dedo, os eléctrodos no peito para monitorizar o batimento cardíaco. Foi chamada a anestesista, que disse que tinha de ter ali à mão mais uma dose de "anestesia", porque como tinha muitos folículos, iria demorar mais tempo. Tudo pronto para a chegada da Dra Teresinha até junto de mim.
Quando a Dra Teresinha chegou, deu-se início à anestesia, que é injectada no tudo onde se recebe o soro. Primeiro começamos a sentir o corpo dormente, sente-se o corpo mais quente, a cabeça a começar a andar à roda mas dá para ficar acordada mais um pouco se se resistir ao fechar dos olhos. Depois já não conseguimos fixar nada, vê-se tudo distorcido e é o apagão, adormecemos instantaneamente.

Dei conta de ter falado, já deve ter sido no pós-punção, com a voz muito entaramelada, parece que a língua não mexe para dizer as palavras, mas não me lembro do que disse.
Quando finalmente acordei, já no quarto de recobro, disse o Bom Dia à auxiliar, que tratou de avisar a enfermeira de que já tinha acordado. Veio a enfermeira perguntar como me sentia, registar os valores da tensão, etc.

Aproveitei para perguntar à auxiliar como é que fazem para me colocar na cama e respondeu-me que elas falam connosco, a dizer, "agora faça força com os braços" "agora levante o rabo para vestir as cuecas" e nós obedecemos. É engraçado que nunca ninguém se consegue recordar disto ao acordar. Disse-me que quando transitei da marquesa do bloco para a cama do recobro, fiquei muito ao fundo da cama, com os pés no fim, e que tentaram dizer-me "agora chegue-se mais para cima" e que eu levantava a cabeça. Disseram-me mais umas quantas vezes e eu levantava sempre a cabeça. Contou ainda histórias de mais senhoras, por exemplo uma que disse que "tinha de ir comprar sapatos" ainda neste estado de que ninguém se recorda. Outras também levantam a cabeça quando lhes dizem para levantar o rabo. É engraçado como o nosso cérebro interpreta as coisas.

Passado pouco tempo chega a outra senhora, a minha companheira de quarto, que também fez punção no mesmo dia que eu.
E aos poucos começam a preparar o levantar. Vão levantando a cabeceira da cama, para ficarmos cada vez com o tronco mais direito, e deixam-nos assim durante um bocado. Finalmente é o levantar da cama e caminhamos para a cadeira, para tomarmos o pequeno almoço: cházinho quente com uma torrada. A MAC tem o melhor pequeno almoço entre as clínicas por onde já passei. Depois continuámos na palheta com a enfermeira, auxiliar e com a outra senhora.

Finalmente, depois de o pequeno almoço ter corrido bem, lá chamaram o meu marido para o vestiário, para me ajudar a ir ao wc e a vestir.
Depois disto, era preciso aguardar nas cadeiras do corredor, para falamos com a embriologista, fazer eco para se ver se ficou tudo bem, e por fim tirar as coisas do soro, que ainda continuam espetadas na mão, caso alguma coisa corra mal e seja preciso injectar algo.

A embriologista informou que o estradiol na sexta feira estava a 3000 e tal e que no sábado o valor tinha subido para 4000 e tal, motivo pelo qual não seria autorizada a transferência (confirma-se a hiperestimulação), e seria necessário congelar os embriões que fossem gerados. Falámos um pouco sobre os embriões, com dados de FIVs anteriores, e o padrão continua lá: o meu SOP faz com que entre sempre em risco de hiperestimulação, com produção de muitos folículos (o ideal seria produzir à volta de 10) e que desta fez puncionaram-se 17 ovócitos. Também falou que de facto tudo aponta para que exista um problema com os óvulos, mas que face à luz da ciência actual, ainda não se consegue descobrir o que é que está mal para que se possa corrigir, e por isso é tudo uma questão de sorte.

Nascemos com uma quantidade fixa de óvulos, e de cada vez que existe um novo ciclo são chamados a responder uma quantidade de óvulos, de forma aleatória. Desse grupo que é chamado a responder, podem haver maus, podem haver bons, mas não se consegue controlar. Só o saberemos quando os embriões forem gerados e ao verificar a sua evolução.
Falámos ainda sobre uma congelação em D3 ou D5. Ela informou-nos que é muito perigoso esperar pelo D5, porque podemos perder todos os embriões, visto que ao fim ao cabo estão num ambiente que não é natural e que acha que os embriões têm mais hipóteses de sobrevivência em D2 ou D3.

Depois voltámos ao corredor para esperar pela eco. As ecos estavam paradas, não estava ninguém a ser chamado, nem para a consulta de novos casais, por isso devia estar a passar-se alguma coisa. A Dra Graça apareceu já perto da uma da tarde, e na eco confirmou que não poderia fazer transferência, por causa dos valores elevados do estradiol. Será necessário tomar Dostinox, para travar a hiperestimulação, durante 7 dias, 1 comprimido por dia à noite, antes de deitar, precisamente porque este medicamento é muito potente, deixamos com náuseas, vómitos, etc. Se for feito ao deitar, pelo menos estes sintomas ocorrem quando estivermos a dormir e não damos por eles.

Depois da eco foi altura de ir tirar a agulha do soro da mão, já eram uma 13.30. Nesse momento começa uma trovoada, muitos trovôes e relâmpagos, chuva muito forte a cair.
Como o carro estava estacionado no parque, não íamos conseguir lá chegar sem nos habilitarmos a uma molha valente. Assim perguntámos se podíamos almoçar na cantina da MAC e assim fizémos. A chuva forte não parava de cair...

À noite tomei o Dostinex, fui fazendo Benuron ao longo do dia por causa das dores abdominais, e hoje aguardo o telefonema da embriologista, com novidades sobre os embriões.

1 comentário:

  1. Toda a sorte do mundo! Estou por cá deste lado caladinha, mas sempre a torcer :)
    Beijinhos

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