quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Guia de Puericultura El Corte Inglés

Partilharam comigo este guia de puericultura, do El Corte Inglés, e por isso partilho-o também com vocês!
Depois de o link estar aberto, dá para fazer download como PDF.

Happy reading!

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Artigo do Público: Quando é preciso dar um empurrão à cegonha

Deixo-vos um artigo do Público...

Em Portugal existem cerca de 500 mil casais inférteis. O PÚBLICO conta a história de três deles.

O jogo da agulha dizia que Ana Sofia Caniço, 34 anos, iria ter quatro rapazes e duas raparigas. Ana ria-se. Imaginava-se a ser mãe desde que se lembra de brincar com bonecas.
Mas seis filhos estava claramente acima do que alguma vez poderia imaginar. Foi um ano depois de estar casada, ainda com 26 anos, que começou a tentar engravidar. Passados oito anos está grávida de 23 semanas de um segundo filho, que na prática é um oitavo. Ana tem um problema de infertilidade e já passou por vários abortos. Hoje tem cá a Mariana com dois anos e meio e o Rodrigo parece estar a portar-se bem na barriga. Mas diz que ainda lhe parece tudo “um bocadinho irreal”. “Cheguei a questionar se algum dia teria um filho nos braços.” Agora tem. Mas isso não apaga a doença que já lhe levou seis bebés. Não impede esta psicóloga educacional de se lembrar da idade que teria cada filho, em que mês deveriam ter nascido, o que estariam agora a fazer na escola.
Não há números oficiais, mas as estimativas da Sociedade Portuguesa de Medicina da Reprodução apontam para que existam em Portugal cerca de 500 mil potenciais casais inférteis, ou seja, perto de 9%. Um número que se tem vindo a agravar nas últimas décadas, também devido ao adiar da maternidade. “Considera-se que estamos perante um problema de infertilidade quando não há uma gravidez ao final de 12 meses de tentativas numa vida de relações sexuais regulares e sem contraceptivos”, resume Carlos Calhaz Jorge, responsável pela Unidade de Medicina de Reprodução do Centro Hospitalar Lisboa Norte – Hospital de Santa Maria e também membro da Sociedade Portuguesa de Medicina da Reprodução.
Contudo, apesar de haver um número cada vez maior de pessoas a precisar de dar um empurrão à chegada da cegonha, o último relatório do Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida, divulgado em Setembro, indica que em 2010 cerca de 2,2% dos nascimentos em Portugal resultaram de técnicas de procriação medicamente assistida – quando a média europeia ultrapassa os 3% e nos países nórdicos chega aos 5%. Mesmo assim, os dados representam um aumento de 35,5% de recém-nascidos, comparativamente aos resultados de 2009, o que se deve a uma melhor recolha de números, mas também ao aumento da capacidade de resposta dos centros públicos e às taxas de sucesso, refere o relatório.
Mariana tem um quarto em tons de verde e rosa
Contabilizando só as técnicas mais complexas, foram quase dois mil bebés a nascer com a ajuda da medicina e da ciência. Quanto a listas de espera, no final de 2011 no Serviço Nacional de Saúde estavam 1800 casais à espera de um tratamento, de um total de três tentativas de que dispõem até aos 40 anos para poderem ter um filho.
O quarto de Mariana, decorado ao pormenor em tons de verde e rosa, com treliças nas paredes e uma árvore pintada repleta de flores e borboletas mostra o quanto Ana Caniço e o marido desejavam ter um filho. Tudo combina. Em todos os recantos há pormenores que não deixam dúvidas de que aqui dorme uma menina. Nas mesas e prateleiras estão molduras que mostram o casal com Mariana e está também exposto o teste de gravidez. E no topo de um armário há até um molde em gesso da redonda barriga de Ana pouco antes do parto.
Ana Caniço começou cedo a tentar ser mãe, mas rapidamente se deparou com um problema: quase não consegue ovular naturalmente e, por isso, a sua capacidade de engravidar sem apoio é muito reduzida. Tem também abortos espontâneos sucessivos que ainda não se conseguiram explicar. Decidiu por isso, e por ter apoio familiar, fazer os tratamentos no sector privado, para se deparar menos com a angústia da espera.
Em geral, segundo explica Alberto Barros, um dos médicos pioneiros da área no Hospital de São João, agora professor catedrático de Genética da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto e director de um dos principais centros privados de tratamentos de procriação medicamente assistida, a causa da infertilidade distribui-se da mesma forma entre os membros do casal, sendo que no caso da mulher a dificuldade de engravidar acentua-se a partir dos 30 anos, existindo uma queda drástica depois dos 35. Há também 10% dos casos em que a causa da infertilidade permanece por explicar.
“A mulher tem duas idades, a cronológica e a procriativa, que tem uma nota de 'muito bom' até aos 30 anos, 'bom grande' até aos 32, 'bom pequeno' aos 33, 34 e aos 35, 36 um 'suficiente mais'. A qualidade dos ovócitos, nomeadamente o conteúdo genético, tem muito a ver com a idade da mulher e isso não acontece tanto com o homem. Como diz o povo, 'homem velho com mulher nova, filhos até à cova'”, diz Alberto Barros, que lembra que “a gravidez não acontece como quem carrega num interruptor”. E aconselha os casais a não adiarem demasiado a decisão de ter filhos para se existir um problema haver tempo para o resolver, já que entre medicamentos, cirurgias, inseminação artificial e recolha de células ou procura de um dador para fecundação em laboratório, várias são as alternativas a considerar.
Ana começou a tentar engravidar em Maio de 2004 e em Novembro desse mesmo ano detectou-se que tem ovários poliquísticos. Foi apenas em Maio de 2005 que pôde avançar para tratamentos à base de hormonas que induzem a ovulação e, após três meses sem sucesso, em Agosto teve o seu primeiro positivo. Comprou uma chucha e planeou ao pormenor a forma como deu a novidade ao marido. “Estávamos grávidos e não podíamos estar mais felizes”. A felicidade parou às dez semanas. A gravidez não evoluiu.
Em Janeiro de 2006 conseguiu uma nova gravidez, mas que também não passou das sete semanas. “A nós não nos conforta saber que é muito comum haver abortos ou aquela questão do senso comum de que somos capazes de engravidar. Sei que consigo mas não sei se consigo levar avante a gravidez. E o ser nova não interessa nada, pois uma pessoa que fique viúva também pode casar outra vez. Aquele bebé era o nosso bebé e as pessoas falam como se os bebés fossem um bocadinho descartáveis.” Para Ana não são. Continua a guardar ecografias e tudo o que está relacionado com as gravidezes que perdeu.
Ana ficou grávida de três bebés
Ana começou a esmorecer, mas sempre que tinha luz verde do médico voltava a tentar. Em Outubro fez mais tratamentos, desta vez com injecções de estimulação, sem sucesso. Em Março de 2007 os tratamentos, sempre controlados com ecografia, deram lugar a dois ovócitos. Ana conseguiu engravidar e na primeira ecografia teve uma surpresa: afinal estava grávida de três bebés. Apesar de saberem que as gravidezes gemelares têm mais riscos, não estavam preparados para o que viria a seguir. Às 18 semanas entrou em trabalho de parto. Fizeram uma cesariana e tiraram um dos bebés, para poderem salvar os outros. Só que Ana teve várias complicações, corria risco de vida e estava na iminência de perder o útero. Pouco mais de uma semana depois os médicos decidiram fazer-lhe nova cesariana para fazer um aborto medicamente assistido.
“A sensação é de um vazio enorme emocionalmente e em termos físicos”, diz, recordando que nos quartos ao lado estavam mães com os seus bebés ao colo e famílias felizes. Ana teve subida do leite, mas não restou nenhum dos três filhos rapazes para amamentar. E o pior foi ter sido obrigada a parar as tentativas durante ano e meio. Chegou a pensar adoptar, mas recorda que “a adopção é outro processo de espera e de angústia”. Terminada a pausa seguiram-se mais estimulações e duas tentativas com um tratamento mais avançado em laboratório tal como a fecundação in vitro: a microinjecção intracitoplasmática (ICSI), que consiste em injectar um único espermatozóide nos ovócitos que são retirados à mulher por via vaginal e em implantar depois os embriões. Numa delas houve gravidez, com um novo aborto. Só no final do Verão de 2009 veio o positivo de Mariana que acabou por nascer a 11 de Abril de 2010 com 2985 quilogramas, depois de uma gravidez controlada quase semanalmente para Ana poder “respirar”.
São casos de sucesso e de persistência como o de Ana que animam Margarida Pires, de 33 anos, a superar os efeitos dos tratamentos. Sempre disse que queria ser mãe muito nova. Talvez aos 18 anos. Mas a vida demorou mais a assentar e acabou por achar mais prudente terminar primeiro a licenciatura em Psicologia. Só depois de casar pensou avançar com os planos. “Para nós era um dado adquirido que quando quiséssemos íamos engravidar”. A natureza trocou as voltas de Margarida e do marido, que há quase quatro anos tentam aumentar a família.
Depois de mais de um ano na expectativa de que a menstruação não viesse Margarida decidiu pedir ajuda médica e na altura valeu-se dos vários contactos que tinha. Os primeiros exames indicavam que estava tudo bem. “Cada vez que se muda de médico é um batalhão de exames e acabamos por perder muito tempo nestes processos. É desgastante”, explica. Foi com o resultado de um espermograma do seu marido que veio a explicação. O problema estava no comportamento dos espermatozóides de Manuel que não se moviam como deviam. A solução passava também por uma ICSI, muito utilizada em casos de infertilidade masculina.
O preço de ter um filho
Mas quando tudo parecia encaminhado Margarida esbarrou no preço pedido por este tipo de tratamentos no sector privado, não cobertos em geral pelos seguros de saúde. Uma única tentativa ficaria em cerca de 3500 a 4000 euros, valor ao qual ainda é necessário juntar alguns medicamentos. Valores que Ana também sabe de cor: só desde a gravidez gemelar gastou mais de dez mil euros, sem contar com deslocações e medicamentos. Ana e Margarida são unânimes e assumem que a sociedade prepara os casais para a quase obrigatoriedade de terem filhos mas que o lado dos eventuais problemas fica sempre de fora, sendo que se fala na factura que um filho acarreta mas ninguém diz que há muitos que nascem apenas após um grande investimento financeiro. As consultas, medicamentos e exames podem ultrapassar as largas centenas de euros e mesmo um dos tratamentos mais simples, a inseminação intra-uterina, anda na casa dos 500 euros. Já a fertilização in vitro é mais barata do que a ICSI, mas mesmo assim não costuma ficar em menos de 2500 euros.
Margarida decidiu inscrever-se na lista de espera para um hospital público. Teve a primeira consulta no Hospital Garcia de Orta em Março de 2012 e fez o primeiro tratamento em Maio, sem qualquer sucesso. A percentagem de sucesso dos tratamentos está entre os 30 e os 40%. Carlos Calhaz Jorge sublinha que “as variáveis envolvidas são enormes e que falta saber mais coisas sobre a natureza”, já que continuamos a depender da qualidade das células e que é aí que é preciso trabalhar mais.

“Tem havido algumas melhorias na individualização dos métodos de estimular os ovários e nos meios de cultura laboratorial, mas ainda falta avançar muito, mesmo nos instrumentos utilizados em laboratórios”, refere, mas recorda que mesmo num casal sem problemas a probabilidade de haver uma gravidez em cada ciclo é de 20%, pelo que a taxa de sucesso da procriação medicamente assistida está até em níveis acima e tem-se, também, conseguido trabalhar na qualidade, para reduzir por exemplo o número de gravidezes gemelares, que acarretam sempre mais riscos. “Quanto mais conheço mais questiono como é que há tanta gravidez. É preciso que haja tanta coisa bem para que uma gravidez ocorra que a surpresa está mais no âmbito da facilidade do que da dificuldade”, acrescenta Alberto Barros.
A próxima tentativa de Margarida será só em 2013, ainda sem data marcada, e será a penúltima. O Serviço Nacional de Saúde comparticipa até três tratamentos, mas com o limite de um por ano. Uma imposição que desagrada tanto a Carlos Calhaz Jorge como a Alberto Barros. Mais do que o problema de só se comparticiparem três tratamentos, os especialistas criticam a imposição de só poder ser um por ano. “Isso retira a capacidade de gestão clínica, nomeadamente quando os casais se aproximam mais do limite etário que foi definido”, diz Calhaz Jorge. No sistema público as mulheres devem ter menos de 40 anos para poderem ser submetidas a tratamentos.
E não se prevê que as coisas venham a mudar num curto espaço de tempo. O presidente do Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida, organismo que regula os centros prestadores destes tratamentos, explica que têm sobretudo “dado continuidade e não procurado fazer grandes transformações” à legislação em Portugal. A comissão tem, por isso, apostado em “permitir que o avanço da ciência possa ser aplicado” no país e que a qualidade dos tratamentos disponibilizados seja garantida, independentemente da instituição onde os casais se dirigem.
Muito sofrimento para quem vive o processo
O juiz Eurico Reis recorda que infertilidade é um conceito mundialmente aceite e que está inclusive definido pela Organização Mundial de Saúde, pelo que qualquer decisão relacionada com o tema “deve evitar superficialidades e reconhecer que há muito sofrimento” para quem vive o processo. O responsável reconhece a existência de algumas assimetrias a nível nacional, nomeadamente a maior dificuldade de acesso a tratamentos em Lisboa, Alentejo e Algarve. Porém, perante a actual crise económica e financeira, o especialista teme um “retrocesso” na situação do país e que “os constrangimentos financeiros” se sobreponham contribuindo para reduzir ainda mais a taxa de natalidade – quando se prevê que este ano termine com menos de 90 mil bebés nascidos em Portugal, ou seja, menos que o número de óbitos.
Até à próxima oportunidade, Margarida e o marido tentam continuar a aprender a lidar com o vazio e estudam alternativas. Leram que a acupunctura pode ajudar e vão tentar, mas uma parte da família mais próxima nem sequer sabe o que estão a atravessar. “É uma coisa nossa que preferimos viver sozinhos. Irrita-me ter de ouvir que é por andar nervosa ou ter toda a gente a dar palpites. Na altura dos tratamentos fui-me muito abaixo, mas é um problema nosso, que vivemos a dois, ainda que de maneiras diferentes. Somos um casal muito unido e continuaremos bem sem filhos, mas neste processo não se consegue pensar nem fazer mais nada”.
Uma postura diferente da de Ana Caniço, que encontrou na sua experiência pessoal uma boa oportunidade de divulgar o tema da infertilidade, tendo-se por isso juntado à Associação Portuguesa de Fertilidade, criada por Cláudia Vieira em 2006 quando se deparou com dificuldades em engravidar. Tinha 28 anos e estava casada há um ano quando sentiu que reunia todas as condições para ter filhos. Oito meses depois nada acontecia e pediu ajuda, até porque tinha um caso de infertilidade na família e “estava alerta”. Tinha uma das trompas obstruída e, a juntar-se a isso, havia um problema também na forma como os espermatozóides do seu marido se moviam. Ao terceiro tratamento engravidou de gémeos e pensou: “O difícil foi engravidar mas consegui”. Às 21 semanas foi surpreendida por contracções e perdeu o casal para o qual já tinha nomes. “É uma dor e um vazio tão grandes que pensei que nunca mais recuperava”. Nova gravidez, 15 dias depois novo aborto.
Era altura de deixar o serviço público onde tinha esgotado as tentativas. No primeiro tratamento numa clínica privada engravidou de Marta e de Margarida, curiosamente gémeas verdadeiras, agora com quatro anos e meio. “Foi uma gravidez vivida com contenção e entrei em trabalho de parto às 33 semanas. Nasceram com 1600 e 1380 quilogramas, mas recuperaram bem”, recorda. Cláudia e o marido sempre sonharam com uma família maior e arriscou mais um tratamento que foi certeiro. Agora as gémeas contam com o irmão Francisco, de dez meses. “Foi uma gravidez mais tranquila em que consegui manter a minha actividade profissional e passear na rua com as gémeas e a mostrar a barriga.” Cláudia, ultrapassado o choque inicial, optou por exteriorizar o que vivia e, perante a falta de informação e de um sítio onde procurar apoio, criou a associação à qual ainda dedica muito tempo. “Ainda existem muitas limitações de acessibilidade e procuramos ajudar as pessoas o mais cedo possível numa altura em que é tão importante renovar gerações”, sublinha.

Alberto Barros acredita que se os casais se abrirem com os amigos como fizeram Ana e Cláudia isso ajuda: “Todo este processo custa, sobretudo do pescoço para cima. O problema emocional é fundamental. Ainda há muitas pessoas que escondem o problema dos seus familiares mais próximos, mas dizer é uma forma de evitar que as pessoas continuem a perguntar quando é que vêm os filhos. A infertilidade é como as feridas. As feridas devem estar quietas e não se deve pôr a mão por cima desnecessariamente, porque incomoda e quem está à volta deve perceber isso”.
“Não é uma doença aguda, é crónica e vai-se arrastando. A vivência das frustrações pode ser muito pesada. O oposto disso é o aparecimento de uma criança que em 80% dos casos anula o passado, mas há outros 20% em que se mantém mesmo nos que conseguem. As crianças que nascem destes esforços são um pouco nossas e os casais também sentem isso”, completa Calhaz Jorge. Aliás, Alberto Barros tem mesmo um dossier onde guarda algumas fotografias que os pais bem-sucedidos lhe enviam, recordando em especial um caso concretizado ao fim de 19 anos e meio de tentativas. “Mas há algo que ainda me toca mais, são as cartas e comentários que me são dirigidas de casais que foram tratados e que não tendo sucesso traduzem o reconhecimento do esforço que foi feito”, diz o médico. Defende por isso, que estas gravidezes de risco sejam tratadas com especial atenção. “Se todas as gravidezes devem andar ao colo, umas mais do que outras devem ter esse mesmo colo”, resume.
Perante tantas pedras no caminho, Ana continua a defender que se deve persistir “enquanto for menos doloroso tentar e enquanto houver clinicamente expectativas de que os tratamentos possam resultar. Agora quando a tentativa começa a ser mais difícil do que a ideia de não ter filhos deve haver um momento para parar”. Quanto a um terceiro filho... “Eu gostava, mas vou fazer uma quarta cesariana. Também não quero pedir de mais”, refere enquanto olha para a barriga e faz uma nova festa a Rodrigo.

in Público
Reportagem de ROMANA BORJA-SANTOS
http://www.publico.pt/sismos/noticia/quando-e-preciso-dar-um-empurrao-a-cegonha-1575040

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

4ª FIV/ICSI: Fecho do ciclo

Fomos hoje aos Lusíadas ter a consulta de fecho do ciclo e ver se o Dr. tinha algo diferente para sugerir.

Bem, desta vez saímos de lá com vários exames para fazer, tal como eu queria que fosse feito.
Será feito o estudo do Cariótipo, a ambos, para ele serão feitas análises hormonais e terá uma consulta de Andrologia com o Dr. Tiago Rocha.

A mim ainda será feito o estudo das Trombofilias. Depois de ter feito o período de recuperação dos ovários, poderei fazer o exame que verifica a permeabilidade das trompas, com uma histerossalpingografia.
Eu sei que a histerossalpingografia não aumenta a probabilidade de coisa nenhuma na FIV/ICSI, mas sempre poderá ajudar na concepção ao natural, caso eu tenha as trompas obstruídas.
O Dr. alertou que este é um exame invasivo, pelo que acarreta alguns riscos de infecção, e coisas piores. Mas eu não me importo de o fazer, não me importo que seja um exame doloroso, como tenho lido por aí.

Histerossalpingografia

Perguntei pelo drilling, a tal laparoscopia aos ovários, se valeria a pena fazer... e a resposta foi que não é necessário. O drilling é recomendável quando os ovários respondem sempre exageradamente ao tratamento e quando, com uma dose mais baixa, os ovários não respondem, mas comigo com uma dose baixa os ovários respondem normalmente, ou seja, consegue-se controlar a resposta ovárica e por isso não é preciso fazer o drilling (que acaba também por reduzir a reserva ovárica).

Apesar de ter tido mais um negativo, hoje fiquei mais esperançosa de que estamos no caminho correcto. Apesar de o Dr. me ter dito no dia da transferência dos embriões, que estes tinham fragmentação, hoje fiquei a saber que os 2 embriões transferidos tinham pouca fragmentação! Ou seja, eram uns embriões bons,  mas que infelizmente não gostaram do pequeno T0 que tinha para lhes oferecer. Foi a 1ª vez que obtivémos embriões +- de jeito!
No entanto, sobre a quantidade de espermatozóides no dia da punção, desta vez ele só tinha 340 mil. Por aqui vemos que entre tratamentos a quantidade aumenta, diminiu, aumenta... da última vez tinha 6 milhões, antes disso menos, varia bastante!

Já recomeçámos com o nosso "tratamento caseiro" de aumento da qualidade, com 1 carteira diária de Spermox, para ele, e 2 carteiras diárias de Ovusitol para mim.
And... here we go!


terça-feira, 13 de novembro de 2012

4ª FIV/ICSI: O resultado do beta foi...

O resultado do betaHCG, realizado ontem, foi... negativo!
Mais um para a colecção! Mais uma vez o betaHCG deu abaixo de 1.
Nem uma gravidez bioquímica.. nada!



Já pedi para marcarem a consulta para discutir os resultados com o Dr., lá nos Lusíadas, para ver o que ele aconselha que se faça.
Eu quero fazer o exame da histerossalpingografia, vou insistir para que mo façam neste hospital privado.
Porque sabe-se lá se não terei as trompas obstruídas. Nunca ninguém me examinou com esse exame! E se estiverem obstruídas, a forma "natural" não terá hipóteses nenhumas. E eu quero ter hipóteses "naturais", mesmo com os 2% de normais dele.

Se o Dr não aconselhar nada de diferente, nem a laparoscopia para fazer o drilling (estou disposta a tentar o drilling, mesmo sabendo que em 50% dos casos não resolve nada), após estas 4 FIVs negativas, quero ir à IVI, para que nos estudem por lá e descubram o porquê de nada funcionar. Eu sei que a IVI é quase o dobro (€€) dos Lusíadas, mas se descobrirem o que se passa, em vez de continuar com FIV/ICSIs às tentativas a ver se pega, valerá a pena.



Beijocas a todas e obrigada pelo vosso apoio e boas vibrações.
Um dia será a minha vez de cumprir este sonho.
Ainda não desisto.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

4ª FIV/ICSI: Picada tipo agulha

Ontem, enquanto eu estava de repouso no sofá a ler, senti uma picada no baixo ventre, tipo agulha, que até quase que me fez dar um salto.
Eu sei que este é um dos tais sintomas que podem querer dizer tudo ou dizer nada, mas gosto de pensar que terá sido um dos embriões a dar-me uma trinca. Ahahaha :D



O mais provável será da estimulação dos ovários, que são sempre sujeitos a um grande esforço durante uma FIV/ICSI.

Ainda faltam 12 dias para o beta... ufff!

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

4ª FIV/ICSI: Aguardando o Beta

Bem, ontem dia 30 recebi a chamada da bióloga para informar o desfecho dos 2 embriões que tinham sobrado em laboratório, e se seriam congelados ou não. Após 1 dia, ficaram com mais de 50% de fragmentação, condição que os exclui da criopreservação.
Por isso, se houver uma 5ª FIV/ICSI, teremos de começar tudo de novo outra vez com injecções para produzir mais óvulos, fecundar no laboratório, transferir, fazer beta.

Resta-me depositar a esperança de que realmente há vida em Marte (aka o meu útero) e entregar-me nas mãos deste meu destino.
Haverá vida em Marte?

Houve umas coisas boas, comparando com os tratamentos anteriores:

  1. Não hiperestimulei nem inchei que nem uma porca - que me levou à urgência da MAC da última vez
  2. Não me apareceu Herpes Labial- sinal de baixa imunidade e de existência de stress.
  3. Não fiquei com prisão de ventre - tenho comido frutinha, kiwis, vegetais (blargh!) todos os dias

O que tenho feito, para tentar um positivo durante este tempo de espera?

  • Tenho feito muito repouso desde a punção: primeiro, para que tudo se curasse para receber os embriões no meu melhor, e depois da transferência, o Dr. passou-me uma declaração de repouso por 3 dias, justificáveis no trabalho como faltas justificadas e remuneradas, devido ao Artigo 249º e 255º do Código do Trabalho, do qual falei anteriormente, e o qual já usei no tratamento anterior junto dos Recursos Humanos da empresa.
  • Tenho mantido os pés quentes, encostados ao meu cãozinho que também me acompanha no repouso de sofá, porque li algures que se os pés estiverem frios, a irrigação do sangue desvia-se do útero para os pés, para os aquecer. Como não sei se é verdade ou não, mais vale prevenir.
  • Ando a comer gelatina e incluir dose extra de proteínas na alimentação (muita carne e ovos), com medo da malvada da hiperestimulação.
  • Não ando a beber bebidas isotónicas (ou isotéricas, como li algures noutro lado ahahhaha), porque ao questionar o Dr. sobre isto, ele disse-me que isto só faz sentido no âmbito da hiperestimulação, mas que o que é realmente importante nesse caso são as proteínas. Desvalorizou as bebidas isotónicas. As bebidas isotónicas têm sais minerais, coisa que agora não me faz falta, dado que tomo vitaminas.
  • Tenho aplicado o Utrogestan de 12 em 12h, até meto o despertador a tocar, e faço o repouso deitadinha depois de aplicar o Utrogestan.


Resta aguardar o Beta

Beta: 2ª letra do alfabeto grego.
P.S.
Ontem recebi a visita de um casal amigo, que muito me animou pelo serão. Ri, ri e ri imenso com eles.
A minha moral voltou a subir :)
Obrigada queridos amigos!

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

4ª FIV/ICSI: Transferência de 2 embriões


Hoje foi o dia da transferência dos embriões.
Eram 7 embriões que existiam no sábado, domingo já só eram 5 e hoje já só havia 4 embriões.
Param de se desenvolver como já tem sido hábito nas outras FIV/ICSIs pelas quais passei.
Destes 4 embriões foram transferidos os 2 melhores, mas todos tinham fragmentação (para não variar). Disseram-me para não ter esperança com os 2 embriões restantes porque têm muita fragmentação e não são bons para congelar, mas que ainda os iam manter para se ver se recuperavam.

Como mais uma vez, recebi embriões de fraca qualidade, não estou esperançosa.
O sorriso que tinha de manhã antes da transferência transformou-se numa tristeza pesada. É um deja vu de tudo pelo qual já passei, e por isso já adivinho mais uma vez um desfecho que não prevejo que seja bom.
Passei a tarde em repouso, deitada no sofá, a ver televisão e filmes, mas sempre com choradeira à mistura que não consigo evitar.
O Dr passou a declaração de repouso para o resto da semana, para poder ficar em casa sem fazer esforços e tentar assim aumentar as probabilidades de sucesso.

Perguntei-lhe sobre as bebidas isotónicas (Isostar, Aquarius...) que a IVI recomenda, e ele disse-me que isso é recomendado para a hiperestimulação e como não estou nesse quadro clínico, não adianta tomar.
Tirei ainda uma dúvida que tinha sobre o utrogestan: de manhã e à noite (como diz no papel) ou de 12 em 12h? Ele diz que a ideia de ser à noite e de manhã é ficar em repouso na cama para as cápsulas fazerem efeito, mas sim, deveria ser de 12 em 12h. Aqui é uma coisa na qual posso melhorar, para ver se isto ajuda.

Se não for desta, o que eu já não acredito muito que seja... para o ano que vem há mais. Serei chamada para a 2ª tentativa na MAC (se a MAC ainda existir)...

domingo, 28 de outubro de 2012

Recomendações pós-transferência da IVI Bilbao

INSTRUCCIONES TRAS LA TRANSFERENCIA EMBRIONARIA

A) MEDICACIÓN (desde hoy hasta el dia de la prueba de embarazo)
Utrogestan 200mg cada 12h via vaginal
Gestagyn plus 1 comprimido al dia via oral
MEDICACION LA QUE A CADA UNA NOS MANDEN

B) ACTIVIDAD:
Reposo post-transfer 10 min
No realizar ejercicios que supongan mucho movimiento (saltos, aerobic, gimnasia...) ni levante grandes pesos.
Eviste situaciones que le puedan causar un aumento de la temperatura corporal o provocar deshidratacion (ejercicio intenso, sauna, jacuzzi, broncearse...)
No aconsejamos relaciones sexuales en los proximos 7 días
No ingiera bebidas alcohólicas o medicamentos sin antes consultar a algún miembro del IVI.
Puede realizar su actividad cotidiana normal, respetando los puntos anteriores.

C) OTRAS MEDIDAS:
Se recomienda ingerir abundantes líquidos especialmente bebidas isotónicas (Isostar, Aquarius)
Vigile que la cantidad de orina es normal y que respira normalmente
Si aparecen dolores que no disminuyen con calmantes habituales (Nolotil, Gelocatil), o fiebre, no dude en consultarnos

D) PRUEBA DE EMBARAZO:
El día ** (13 días post transfer en mi caso) debe realizarse la determinación de beta-hCG cuantitativa en sangre. No es preciso estar en ayunas.
Le recordamos que debe realizarse la prueba de embarazo aunque haya sangrado con anterioridad a la fecha indicada para el test. Es importante que no suspenda la medicación prescrita y que nos informe del resultado de la prueba, concertando visita con el ginecológo que le trató para una evaluación final del ciclo. Si queda embarazada, continúe con la misma pauta de medicación.

sábado, 27 de outubro de 2012

O Número Mágico até agora é 7!

Ligaram-me dos Lusíadas hoje de manhã a informar como está o andamento da coisa.
Dos 7 fertilizados ontem, hoje continuam a haver 7 embriões.



Sobre mim, eu estou a melhorar a olhos vistos.
Ontem não tive aquelas dores de morrer que tive das outras vezes, não inchei, as dores já são poucas no baixo vente. Resumindo: não hiperestimulei! YEEEEAH!
Hoje de manhã já apliquei 3 bolinhas de Orgalutran e repousei meia-hora com as bolinhas antes de me levantar da cama (alguém recomendou-me este procedimento e vou cumprir).
A transferência está marcada para a próxima 2ª feira.

Estou contente e rezo para que os meus meninos se continuem a portem bem no laboratório, e não serem arruaceiros com os outros meninos que por lá andem :)

Notícia: Infertilidade com novos medicamentos comparticipados


O Ministério da Saúde atualizou a lista de medicamentos comparticipados para o tratamento da infertilidade. A nova lista, publicada hoje em Diário da República, conta com 11 substâncias.

"Face à solicitação de comparticipação de novas apresentações de
medicamentos destinados ao mesmo fim terapêutico, torna -se necessário
atualizar o anexo dos medicamentos que beneficiam do regime especial
de comparticipação", refere o Ministério da Saúde, no despacho que atualiza a lista.
No mesmo documento, é reforçado que a inclusão de novos medicamentos na lista de comparticipação especial está dependente da apresentação de requerimento dos laboratórios autorizados a introduzir estes remédios no mercado.

Lista das 11 substâncias:
Cetrorrelix (Cetrotide)
Ganirrelix (Orgalutran)
Folitropina alfa (Gonal-F)
Folitropina alfa + Lutropina alfa (Pergoveris )
Folitropina beta (Puregon)
Gonadotropina coriónica (Ovitrelle E Pregnyl)
Lutropina alfa (Luveris )
Menotropina (Menopur)
Urofolitropina (Fostimon)
Goserrelina (Zoladex)
Triptorrelina (Decapeptyl)

Fonte: DN

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

4ª FIV/ICSI: Punção feita!


Hoje foi o dia de mais uma punção, a nº 4, algo que já não me traz nervosismo nem ansiedade, porque já sei ao que vou e como é tudo o que se faz neste dia.
Depois da última injecção de Pregnyl feita às 22h de 4ª feira passada, tal como contei no post anterior, ontem foi o tradicional dia de descanso de injecções, fazer jejum de líquidos e sólidos 6h antes (eu fiz de 8h, porque era assim que me diziam para fazer das outras vezes) e hoje lá estávamos nós às 8h da manhã nos Lusíadas.

Quando lá chegámos, lá fui eu para a unidade de cuidados intensivos (UCI), para tirar a minha roupinha e guardar num cacifo, vestir a tradicional bata verde, com 3 laçarotes para dar nas costas, para não ficar de rabo à mostra ao andar. Pelo caminho encontrei a D. Graça, uma auxiliar muito simpática que cuidava de mim das outras vezes - agora está alocada noutro departamento do hospital.



Rapidamente fui chamada para fazer a tradicional paragem no wc, para fazer o último xixizinho antes de entrar no bloco.
Entrei no bloco pelo próprio pé, sentei-me na marquesa, perna pra um lado, perna pró outro, abrir os braços. Prenderam-me as pernas e braços, como tem sido costume, porque ao dormir temos movimentos involuntários e não queremos magoar ninguém e muito menos a mim.
Fizeram-me as perguntas da praxe, quando foi a minha última injecção, quando comi pela última vez e quando bebi... para verem se eu tinha cumprido as indicações todas.

A enfermeira que me meteu o catéter do soro também foi muito queridinha, avisei-a de que costuma doer-me a agulha do soro. Ela fez tudo com muito jeitinho e perguntou-me se doeu e eu disse que sim. Mas na realidade, não doeu assim tanto como das outras vezes. Ela disse-me que eu tinha uma veia mesmo boa, gordinha, para meter o soro e que posso recomendar esta veia das próximas vezes :)

A outra enfermeira disse-me que me portei muito bem com o soro e por isso ia meter-me umas medalhas no peito (aquelas coisas para verificar os batimentos cardíacos). A enfermeira do soro disse-me que também tinha um presente para mim e que era um anel! (era o oxímetro que é colocado no dedo, para ver o nível de oxigénio).
Fartei-me de rir com esta brincadeira toda :)




A minha tensão arterial estava como sempre, baixaaaa, mas num valor bom: 10/6. Eu disse que isso já era normal em mim, ter a tensão assim sempre baixa com aqueles valores.

E assim estava pronta a começar com o procedimentos. O Dr. Neves chegou e apresentou-me a enfermeira chefe que iria estar ali de serviço na punção, ao mesmo tempo que o anestesista me dizia que já me ia pôr a dormir. Só tive tempo de dizer "Então até já!" e puff! Apaguei.

Acordei na cama, nos cuidados intensivos, cheia de sono.. a enfermeira passou e espreitou-me e disse-lhe que tinha muito sono e que estava com frio. Ela foi buscar-me um cobertor e disse-me para descansar mais um pouquinho e puff, apaguei outra vez.


Quando acordei novamente, a enfermeira trouxe-me a merenda matinal, dando-me a escolher entre chá, leite e sumo - e eu escolhi o leite, porque sabe-me sempre muito bem o leitinho da manhã. Comi 2 pacotes de bolachas maria, um deles barrado pela enfermeira com doce de morango. Delícia!
Passado pouco tempo aparece o meu mais que tudo, que já sabia que como eu costumo apagar durante a manhã da punção, esteve a fazer tempo no bar e a trabalhar no portátil a partir de lá.

A enfermeira passou novamente e perguntou se eu queria ir ao wc, e lá fui eu. Levantar e ir ao wc é uma das condições para poderem passar a alta, verificando-se assim se está tudo ok.
Voltei, deitei-me novamente e só faltava aguardar a passagem do Dr.

No fim das consultas, ele apareceu com a bióloga a contar o que foi feito: foram extraídos 11 óvulos, estando 4 imaturos. Sendo assim sobraram 7 para serem fertilizados.
Tenho de tomar Ben-u-ron de 8 em 8h (por causa das dores que sinto no baixo ventre) e amanhã começo com a aplicação vaginal de Utrogestan.
E pronto, tive a minha alta, com ordem de repouso no leito (estou a fazer o repouso no sofá), e desta vez não será precisa a baixa porque não hiperestimulei! YEY!
Bastarão 3 dias em casa depois da transferência: 2ª, 3ª e 4ª. Como 5ª feira é feriado, é mais um dia em casa e na 6ª não irei trabalhar.
Desta forma conseguirei estar 1 semana em casa, com muito repouso.
Amanhã receberei o telefonema da bióloga, a informar quanto embriões foram gerados e a informar a que horas estarei lá na 2ª feira, para receber os meus meninos de braços abertos (ou de pernas abertas? ahahah)


quinta-feira, 25 de outubro de 2012

4ª FIV/ICSI: Última injecção - Pregnyl!

Hoje de manhã lá fomos nós aos Lusíadas para a última consulta antes da punção.
Salvo erro, tinha 14 ovócitos bons para serem colhidos na punção de 6ª feira e o estradiol (o meu arqui-inimigo das FIV/ICSI s anteriores) estava bom.

Uma coisa que eu reparei, é que na MAC os ovócitos têm um tamanho maior na última consulta antes da punção, tipo 21, 20 ou algo do género e que nos Lusíadas têm tido um tamanho de 19, 18, 17... acho que são colhidos mais "verdinhos". Claro que no dia da punção estarão maiores, afinal de contas esta eco é feita com 48h de antecedência, mas a da MAC também é feita com 48h de antecedência!


Resumindo as injecções... desta vez foram ao todo: 10 injecções de Puregon a 100u (às 20h), 5 injecções de Orgalutran (às 8h)  e 1 de Pregnyl 5000 iu.
Hoje foi só a pica de Orgalutran de manhã e o Pregnyl 5000u às 22h (36h antes da punção).




Para administrar o Pregnyl é preciso pedir a seringa no gabinete das enfermeiras, porque a embalagem não inclui seringa. Como é preciso misturar o pó do Pregnyl com o líquido, existem 2 agulhas: uma grande e outra mais pequena. A maior serve para sugar o líquido (solvente) e colocar o líquido do frasquinho do pó, que se dissolve automaticamente, e aspirar tudo novamente para a seringa. Depois troca-se a agulha para uma mais pequena e mais fina, com a qual se injecta este preparado na prega de pele da barriga (abaixo do umbigo, como as outras injecções). Fim das injecções.

Amanhã é dia de descanso das injecções e de preparação para a punção é preciso fazer jejum de sólidos e líquidos, a começar à meia noite, da noite de 5ª para 6ª feira.
Recomendações recebidas: se o intestino estiver preguiçoso para trabalhar na 5ª feira, é preciso fazer um clister com Microlax.

De resto estou pronta para o que der e vier.


quarta-feira, 24 de outubro de 2012

4ª FIV/ICSI: fim das picadas!

Na consulta de 2ª feira, o Dr. fez as contas e disse que é já na 6ª feira que se fará a punção!
Por isso, amanhã é o último dia das picadas! yey!
Desta vez foram só 10 dias de Puregon a 100u face aos 12 dias de Puregon 100u feitos na MAC. Será que os meus ovários andam a portar-se melhor?
No entanto, amanhã, dia da última consulta antes da punção, confirma-se isto tudo.

Desta vez, não sei o que se passa com as minha veias, mas as analistas têm tido dificuldades a achar a veia do braço esquerdo, para tirarem o sangue para fazerem as análises do costume.
Com tantas picadas, até as minhas veias se encolhem! LOL

Espero trazer boas novas dentro em breve.
Obrigada a todas pelos vossos carinhos e desejos de boa sorte! Retribuo com todo o meu carinho.


sexta-feira, 19 de outubro de 2012

4ª FIV/ICSI: Orgalutran - começa já amanhã!

Tive consulta na 5ª feira dia 18, onde se observou com a sonda vaginal (eco transvaginal) que os óvulos para lá andam muito pequeninos (a dose do Puregon é baixa, para eu não hiperestimular, por isso demora mais), mas está tudo ok.
Amanhã começo com as injecções das 8h da manhã, de Orgalutran, ao mesmo tempo que farei as de Puregon às 20h da noite.

Eco transvaginal
As injecções não custam nada a dar, é facílimo, sobretudo porque a agulha é mais fina que a agulha das análises do sangue. Mal se sente e já faço isto, praticamente, com uma perna às costas... uahuhauha!

domingo, 14 de outubro de 2012

Dia 1 do ciclo: início da 4ª FIV/ICSI


Sexta-feira passada fez uma semana desde que acabei de tomar o Provera e estava a aguardar a chegada da menstruação.
Já andava prevenida com um salva-slip, para não manchar a roupa interior - odeio manchar! - e foi na sexta que apareceu um cor-de-rosinha muito leve. Estava mesmo a começar a menstruar. Foi no sábado que o cor-de-rosinha se transformou no vermelho forte, com coágulos a sair e tudo. Fiquei feliz por saber que estava a começar mais uma nova etapa, finalmente.
Como era fim de semana, liguei para o telemóvel do Dr. a perguntar quando poderia começar a injecção de Puregon. Normalmente ligamos para o hospital a dar a informação do novo ciclo e recebemos as instruções de volta, com outra chamada do hospital para nós.
O Dr. disse para começar hoje, domingo dia 14 de Outubro, com a 1ª injecção de Puregon e para fazer a consulta de monitorização da ovulação + análises na 5ª feira dia 18.
Logo às 20h começarei com os 100u de Puregon.

É hoje o início! É hoje o dia 1 do ciclo.
Espero que a próxima menstruação seja só daqui a 40 semanas :)

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

À espera do Mr. Red


Na sexta-feira tomei a última dose dos 10 dias de Provera.
Agora é só aguardar que o Sr. D. Mr. Red se digne a aparecer, depois de uma convocatória de Provera.
Até agora ainda nada... continuo a aguardar que apareça, para finalmente (re)começar com as picas.

Entretanto recebi esta imagem por email e fartei-me de rir.
Partilho para que também se possam rir com a imagem:


domingo, 7 de outubro de 2012

Fertilização In Vitro - Animação em 3D

Encontrei a partilha deste vídeo, que achei genial!
Explica o processo de Fertilização In Vitro, numa animação em 3D.

Aqui fica o vídeo...

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

1ª consulta para a 4ª FIV/ICSI

Ontem, dia 26, foi outra vez a primeira consulta para mais uma nova FIV/ICSI no HPP Lusíadas: a 4ª FIV/ICSI da minha vida.



Agora já temos os dados reunidos para que as coisas comecem a correr bem:
- na 1ª FIV/ICSI hiperestimulei. Os embriões foram criopreservados e foram transferidos 2 por TEC. Nenhum se implantou.
- na 2ª FIV/ICSI controlou-se mais as hiperestimulação, mas só se gerou 1 embrião, que não implantou.
- na 3ª FIV/ICSI a hiperestimulação esteve controlada com 100u de Puregon durante 12 dias, mas só se retiraram óvulos de um só ovário - tinha o intestino à frente do outro ovário. Os 2 embriões transferidos não se implantaram.

Vou voltar a repetir a dose das 100u de Puregon diárias.
O Dr explicou que os óvulos produzidos pelas mulheres também sofrem flutuações de qualidade e podia ser que estivesse numa fase má na altura dos outros tratamentos e que estes de agora podem estar com melhor qualidade (rezo para que sim).
Tenho-me esforçado para tal, com a toma diária de:
- Matervita
- Ovusitol
- Folicil (ácido fólico)

Ele tem tomado Spermox, para também melhorar a qualidade dos espermatozóides.

E para iniciar o novo tratamento, ontem já comecei a tomar: 2 comprimidos de Provera durante 10 dias.
O Mr. Red irá aparecer e então posso começar com as picas.

Wish me luck, again!



Já agora aproveito para divulgar uma causa: votação para que haja uma audiência da directora da APF com o 1ª Ministro, votada no portal oficial do Governo Português. Se a APF for a mais votada, será um passo em frente contra a infertilidade em Portugal. Votem (Clicar em Apoiar)! Eu já votei.

sábado, 8 de setembro de 2012

4º tratamento FIV/ICSI à vista!

Depois de uns meses sem novidades e sem gravidez espontânea, que pode acontecer com uma probabilidade muito baixa, mas destas coisas nunca se sabe quando se pode esperar um milagre, tenho marcada para o final do mês uma nova consulta do HPP Lusíadas, para ir a mais uma FIV/ICSI.
Depois de 3 ICSIs e uma TEC falhadas, deposito nesta ICSI todas as nossas esperanças para que seja desta que venha de lá um positivo.



Os meus ciclos têm sido o mesmo de antigamente... perto dos 40 dias.
Na consulta de dúvidas, do fim do ciclo, na MAC, a Dra Sofia recomendou-me fazer Duphaston desde o dia 1 ao dia 10 de cada mês, para que o endométrio não fique tão espesso com os meus ciclos longos, para que o óvulo fecundado não tenha tantas dificuldades na fixação, e que isto não é impeditivo de engravidar.

O que acabou por acontecer é que por cerca do dia 15 do ciclo anterior (que começou a 25 de Julho), tive durantes poucos dias um sangramento cor-de-rosinha (devia ser o útero a renovar). Dia 2 de Setembro começou o ciclo seguinte.
Por isso, este meu ciclo foi de 39 dias, o anterior de 38 dias.

O mais giro é que desta vez consegui dar conta de quando foi o meu período fértil, sem saber na altura que o era. Duas semanas antes do início do novo ciclo, andei "insaciável" ahahahah, por isso foi nessa altura a ovulação, que é sempre 14 dias antes do início do novo ciclo.
Comigo aquela coisa de observar o muco, para detectar o período fértil, não resulta. E muito menos resulta ter de andar a apalpar o colo do útero.

Durante este tempo todo temos andado com a seguinte medicação.
Ele: Spermox, 1 saqueta por dia
Eu: 2 saquetas de Ovusitol por dia, 1 Matervita (vitaminas) de manhã e 1 comprimido de Folicil (ácido fólico)

Wish me luck!

terça-feira, 19 de junho de 2012

Um ciclo mais curto: só 31 dias!


Desde que obtive mais um negativo com o último tratamento, decidi subir a dose do Ovusitol para 2 carteiras por dia, tal como muita gente que também sofre de SOP, já tinha aconselhado.
E não é que tive um ciclo mais curto que o meu "normal" de quase 2 meses de ciclo?
Hoje, dia 18 de Junho, é o dia 1 de mais um ciclo e desde o último dia 1, que tinha sido a 18 de Maio, só passaram 31 dias! Estou estupefecta e completamente boquiaberta!

Espero que continue assim com ciclos mais curtos, seria bom sinal para a qualidade dos óvulos!

Entretanto, já tenho comigo o relatório da MAC (não me pediram o pagamento dos tais 5€) e já tenho a consulta de esclarecimentos (fecho do ciclo) da MAC marcada: teve de ser marcada pessoalmente, porque nunca mais ligavam a dar a data.
Depois desta consulta na MAC, marco a consulta no HPP...

sábado, 19 de maio de 2012

3ª FIV/ICSI: Mais um negativo... início de novo ciclo

2ª feira passada (14 de Maio) foi o dia do beta HCG.
Desta vez acreditei que daria positivo... tive várias moínhas ao longo de vários dias, pensei que seria o embrião a acomodar-se no seu T0, as variações de temperatura com os suores nocturnos... mais uma vez foram sinais que não quiseram dizer nada.


Já chegámos tarde ao laboratório de análises clínicas da MAC, o que acabou por ser bom porque já não havia ninguém à espera para fazer análise. Foi chegar e entrar lá para dentro, num instante.
Depois do sangue tirado, fomos lá acima ao 2º piso à FIV, para saber como seriam os próximos passos.
Fiquei a saber que depois das 12.30 poderia ligar para lá para saber o resultado das análises e caso desse positivo, para voltar lá 2 dias depois para levantar a requisição do 2º beta HCG e ir fazê-lo.
Às 12.30 já tinha vontade (e medo) de ligar para lá, mas aguentei mais um bocado e decidi fazê-lo na hora de almoço, quando fosse almoçar a casa.
Comecei a ligar para lá enquanto almoçava, com o telefone em alta voz, para poder ir comendo enquanto o telefone tocava infinitamente. Lá acabaram por atender, dei o nº de processo e nome e a enfermeira consultou o resultado. Mais um negativo. Se tivesse tomates, tinham-me caído ao chão naquele momento.


Ok... perguntei então como seria de seguida e a enfermeira disse-me que agora só para o ano é que me chamariam para novo tratamento (visto que não ficámos com embriões congelados) e bastava ficar a aguardar o telefonema do ano que vem.
Mas depois perguntei "mas aqui no papel que me deram diz que se der negativo, para marcar consulta" e sabem o que a enfermeira me disse? Disse "mas quer mesmo a consulta? É a consulta de fecho, quer mesmo?" e eu "Sim!". E lá me disse que depois me telefonavam a dar a data da consulta.
Quero falar com os médicos, para saber o que aconselham fazer neste período de espera, se recomendam tomar alguma coisa, quero falar na laparoscopia para saber o que estes pensam... sei lá.
Quero também "encomendar" o relatório do tratamento para o poder levar para o sítio da próxima FIV/ICSI: o HPP Lusíadas.

Voltei à carga com o Ovusitol, mas desta vez com 2 carteiras por dia, e o meu marido continua com o Spermox.

Mais uma vez, como a vida é feita de esperas, só temos de aguardar os tais 4 meses de repouso para o corpo poder recuperar, o que quer dizer que o próximo tratamento já só é depois do Verão.

Ontem, dia 18 de Maio, foi novamente o 1º dia do ciclo... vamos ver quantos dias é que este ciclo terá.

sábado, 12 de maio de 2012

Suores Nocturnos

Eu sei que estamos a passar por um mini-Verão com estas temperaturas na ordem dos 30ºC durante o dia e que durante a noite a temperatura também subiu.
Mas antes de chegar este mini-Verão, comecei a ter suores durante a noite, ficando toda encharcada na costas, pernas, etc. E tem sido assim todas as noites.


Eu sou a friorenta lá de casa e é sempre o meu J. que se queixa quando temos roupa a mais na cama, mas desde há uns 4 ou 5 dias atrás, tenho sido eu a queixar-me. Já cheguei ao ponto de destapar-me durante a noite, quando acordo encharcada e dormir só com o lençol.


Será um dos sinais do resultado que vai dar na 2ª feira?
Não faço ideia!

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Tipos dos Embriões

As palavras "embriões com 35% de fragmentação", que foram os transferidos, continuam a ecoar na minha cabeça.
Desde ontem que fui trabalhar, retomando a vida normalmente, como me recomendaram na MAC, não fazendo esforços físicos de pegar em garrafões ou levar o cão a passear (ele puxa por mim). Vou às compras, conduzo, estou o tempo todo no escritório a trabalhar ao computador... o normal.

Quis saber a que classe dos embriões corresponde este 35% de fragmentação (ter fragmentação diminui as hipóteses de ter sucesso) e o que li foi:

Embrião tipo A - aqueles simétricos e sem fragmentação;
Embrião tipo B - assimétricos ou com até 25 por cento de fragmentação;
Embrião tipo C - com 25 a 50 por cento do seu volume ocupado por fragmentos;
Embrião tipo D - aqueles com 50 por cento ou mais de fragmentação;

Por isso, de acordo com a classificação tenho comigo 2 embriões tipo C.
Não é impossível, mas é muito difícil.


quarta-feira, 2 de maio de 2012

3ª FIV/ICSI: Punção e Transferência feitas!

Andei sem vontade de vir aqui escrever, mas hoje tenho de actualizar este diário.
No sábado lá fomos à MAC fazer as análises, às 9 da manhã porque é essa a hora a que abre o laboratório aos fins de semana e feriados.
A última pica de Puregon 100u foi na sexta à noite, sábado ainda fiz o Orgalutran de manhã, e sábado às 22h foi a derradeira injecção de Ovitrelle.



A Punção
Na segunda-feira dia 30, lá estávamos nós na MAC às 8 da manhã para fazer a punção. Eu, em jejum desde a meia noite, e portanto estava esganada de fome.
Na folhinha que nos deram dizia para eu levar chinelos, meias e um roupão, para lá vestir. O roupão para estar com ele vestido enquanto espero sentada, para entrar no bloco operatório. Os chinelos para calçar desde a área do vestuário até à porta do corredor que leva ao bloco e as meias para as ter calçadas no bloco, para os pés não arrefecerem :)
Estava comigo outra rapariga muito simpática, a Noémia, de cabelo preto e olhos castanhos, que também estava a ser preparada para a punção. Enquanto a enfermeira me metia a agulha do soro, com muito jeitinho, a outra rapariga foi para o bloco.
O procedimento é rápido, talvez uns 15m, pelo que não tive que esperar muito. Ela voltou para o quarto deitada na cama que foi buscá-la ao bloco e estava acordada, meio grogue com a anestesia.
Depois de prepararem o bloco para mim, vieram buscar-me. Lá fui eu, pelo meu pé, para o bloco operatório, deitei-me na marquesa, amarraram as pernas, braços e lá estiquei o braço para levar soro e depois receber a anestesia.
Ainda cheguei a ver a Dra Graça, a começar a preparar-me para o início da punção, passando por mim o líquido desinfectante, meter o bico de pato e tal...
Veio a anestesista, deu-me a anestesia, lá comecei a ver tudo torto, cheia de sono e puff. Apaguei.

Punção

Acordei já no quarto, não faço ideia de que horas seriam (tinha relógio no quarto, mas sem os óculos não consegui ver as horas), a enfermeira estava a registar o meu batimento cardíaco, a tensão, os valores do oxímetro... tudo ok. Perguntou-me como me sentia, se me queria levantar, levou-me ao wc para fazer o xixizinho e mandou vir a comida. Lá veio um tabuleiro com chá e uma torradinha. Soube-me tão bem! Isto tudo com perguntas para ver se me sentia bem e não tinha tonturas.
Chamou o meu marido, para me ajudar a vestir, e depois fomos para as cadeiras do corredor, porque a Dra Graça ainda iria fazer-me uma eco para ver como estava.
Rapidamente fui chamada para a eco (quem vem da punção tem prioridade nas ecos), e ela disse-me que tinha um bocadinho de líquido na cavidade, mas que me passaria uns comprimidos para tomar de 12 em 12h durante 8 dias. Disse-me que tiraram 6 ovócitos, mas que tinham sido de um só ovário, porque não tinha conseguido furar o outro. O simpático do intestino estava à frente e disse-me que só faltou fazerem-me o pino, para verem se ele se mexia. Não mexeu e por isso não furou aquele ovário, para não correr riscos de furar o intestino.
Depois disse-me que naquele dia iria ficar em repouso, para beber muita água para evitar a hiperestimulação, e que teria de ficar acompanhada no meu repouso, porque poderia desmaiar por causa da anestesia e depois ninguém me socorria.
Nesse mesmo dia, comecei a ficar com a barriga inchada e dores em toda a barriga, tal como na 1ª ICSI. Bebi muita água, passei mal a noite (não conseguia virar-me na cama, nem mexer-me sem ajuda).

Telefonema da Embriologista
Na 3ª feira de manhã recebo o telefonema da embriologista, tal como combinado, para saber novidades.
Dos 6 ovócitos, 5 estavam maduros e 4 geraram embriões. Quando no dia anterior soube que eram só 6 fiquei um bocado pessimista, porque se da outra vez tive 12 e só 1 embrião tinha resistido...
Aproveitei para me queixar da dores anormais, porque supostamente só deveria ter dores do tipo menstruais. Ela entrou em contacto com a Dra Graça, deu-me o nº de telemóvel da Dra e disse-me que podia ligar. A Dra fez-me perguntas e depois disse para ir para a urgência da MAC para ser observada.
Fomos para lá, onde me fizeram eco e análises e disseram que as análises estavam boas e que as dores que eu sentia era a compressão dos orgãos, por causa do líquido que tenho, por causa dos ovários que estão gigantes e ainda por causa de alguma aerofagia (ar no estômago).
O remédio para isto tudo é: caminhar para ajudar o ar a ser libertado (caminhámos a custo desde a MAC até ao Monumental, para jantar), beber água moderadamente e comer muitas proteínas. A Dra Graça ainda me ligou durante a tarde para saber como estava e pediu-me para lhe dar novidades quando saísse de lá. Gostei muito da atenção da Dra :)
Chegámos a casa e ataquei a lata de proteínas em pó que me tinha sido receitada pelo Dr Neves no ano passado, quando passei pela Hiperestimulação.

Hoje, passei melhor a noite, já com a barriga menos inchada (hoje já cabia nas calças nas quais ontem não cabia, mas cabia nelas anteontem) e com menos dores.

Transferência
Para hoje, dia da transferência, tinha de estar na MAC às 10h e tinha de ingerir líquidos para ter a bexiga cheia na hora da transferência.
Éramos 4 casais para fazer transferência e começaram a chamar casal a casal para o gabinete da enfermeira, que explicou o procedimento e perguntou se tínhamos alguma dúvida para esclarecer. Infelizmente já sei como tudo se passa e não tinha dúvidas.
Depois cada casal ia ao gabinete de embriologia, onde a embriologista nos deu novidades sobre os embriões. Os nossos 4 embriões resistiram à noite, mas tal como tem acontecido, não são de qualidade. 2 deles têm 50% de fragmentação e outros 2 têm 35% de fragmentação. Iriam transferir estes 2 últimos, porque têm melhor hipótese.
Mais uma vez foi toda a gente muito atenciosa e simpática e fiquei a saber que neste momento a MAC está com uma taxa de sucesso de 40%!

Transferência de embriões

A transferência foi feita, e apesar de ter a bexiga cheia, não exagerei com a água e por isso não estava com urgência em urinar, consegui fazer o repouso de 20m quietinha, a olhar para a imagem das minhas 2 bolinhas no ecógrafo e tcham tcham... desta vez não tenho baixa! Estou apta para trabalhar, não estou com risco de hiperestimular e ali na MAC querem que as pessoas façam uma vida normal.
Liguei depois para o trabalho a dizer que hoje tirava a tarde de férias (porque só tenho justificação da MAC para a parte da manhã) e que amanhã lá apareceria.

Das outras 2 vezes fiquei em casa, em repouso, e nada funcionou, por isso desta vez arrisco fazer uma vida normal.
E seja o que Deus quiser.


sexta-feira, 27 de abril de 2012

3ª FIV/ICSI: Eco e análises Nº5


Hoje foi a 5ª vez que fiz eco e análises nesta 3ª FIV/ICSI.
Os meus braços já andam negros de tantas picas de análises e a minha barriga está cheia de nódoas negras e pintinhas vermelhas das picadas.
Já é uma rotina acordar dia-sim dia-não bem cedo, para estar nas análises às 7.40 (para ser das primeiras a fazer análise para me despachar e ir trabalhar depois da eco).

Mas hoje demorei tanto tempo na MAC! As análises "foram rápidas" e ainda não eram 9 e já estava sentada à espera de fazer a eco. MAS, não há bela sem senão! Como já estava com os ovócitos num estado avançado, a Drª Teresinha apareceu no corredor a dizer que iria ser ela a ver as senhoras no estado mais avançado, e por isso outras passariam à frente para fazer eco com a outra médica que lá estava (seria estagiária?).
A Drª Teresinha mais uma vez desdobrava-se em movimentações a tratar de tudo ao mesmo tempo, ia lá para dentro, voltava para mais umas ecos e ia outra vez lá para dentro (fazer punções e transferências?). Com esta espera toda, acabei por ir 2x ao wc sem vontade, para manter a bexiga vazia. Ali na MAC dizem para ter a bexiga vazia para a eco e estão constantemente a relembrar para se ir ao wc esvaziar a bexiga.
Finalmente chegou a minha vez (já perto do meio dia) e lá vi 1 ou 2 ovócitos de tamanho 19 e outros mais pequenos com 14, 15, 16... A Drª Teresinha mostrou-me o valor do estradiol de 4ª feira e estava em 777. Só por causa disso, a punção será na 2ª feira em vez de ser no domingo, para deixar o valor do estradiol subir mais um pouco.
Hoje já fiz a última dose de Puregon à noite, sempre com 100u, amanhã de manhã será a última de Orgalutran e amanhã à noite, às 22h será o Ovitrelle. Amanhã de manhã ainda terei de fazer análise ao estradiol, porque ali na MAC é preciso ter uma análise feita no mesmo dia do Ovitrelle.
Domingo será o dia de descanso de picas e terei de fazer o jejum de sólidos e de líquidos a partir da meia noite de domingo.
2ª feira: Punção!

Entretanto confirmei hoje no trabalho nos Recursos Humanos, junto do advogado da empresa, de que posso levar uma declaração médica que recomende ficar em casa devido ao tratamento de PMA, de forma a ter sempre os dias com falta justificada e remunerada tal como previsto no Artigo 249º alínea d) do Código do Trabalho, do qual falei aqui no outro dia.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

3ª FIV/ICSI: Eco e Análises Nº4

Ecografia transvaginal


Desta vez bato o record do nº de vezes que vou fazer eco e análises no decorrer no tratamento.
Como estou a tomar uma dose tão baixa de Puregon (para se evitar a hiperestimulação), os ovócitos demoram mais tempo a atingir o tamanho certo.
Hoje estive lá na MAC, fiz as análises e depois fui fazer a ecografia transvaginal (e sim, lá trabalham ao feriado e fins de semana). Hoje foi a Drª Teresinha que me fez a eco e disse-me que ainda não estava pronta, e que deveria manter as doses de medicação. Hoje ela era a mulher dos 7 instrumentos!
Apareceu e perguntou quem estava para a eco, e éramos 4! Outras duas senhoras estavam lá para a punção e uma com a garrafa de água devia ser para fazer a transferência.
Ao fim de 3 ecos, (eu era a 4ª), a Drª manda-me aguardar porque ela tinha de ir fazer uma punção. E lá fiquei eu na salinha de vestir à espera que ela voltasse, mas ela não demorou muito! Desta vez saímos de lá já eram perto das 11h.
Agora temos de lá ir na sexta-feira e veremos se estarei pronta para a punção ou não.
Pelos meus cálculos, na sexta os ovócitos deverão ter o tamanho certo e a punção calhará no fim de semana. Veremos!

Artigo 249 do Código do Trabalho: Faltas Justificada e Remuneradas

Aqui deixo o artigo do Código do Trabalho de Portugal, que nos deixa ficar em casa com uma declaração médica em vez de ser preciso meter baixa ou férias devido ao tratamento de PMA(a baixa e férias acabam por reduzir o vencimento, enquanto que a declaração médica não reduz o vencimento).



É o Artigo 249º alínea 2 d) do Código do Trabalho, que diz:
2 – São consideradas faltas justificadas:
d) A motivada por impossibilidade de prestar trabalho devido a facto não imputável ao trabalhador, nomeadamente observância de prescrição médica no seguimento de recurso a técnica de procriação medicamente assistida, doença, acidente ou cumprimento de obrigação legal;

E depois o Artigo 255º diz as excepções que fazem com que uma falta justificada perca a retribuição, o que não é o caso do recurso a técnica de PMA. Ou seja, com a declaração médica entregue no trabalho, temos faltas justificadas e remuneradas.

Artigo 255.º
Efeitos de falta justificada
1 – A falta justificada não afecta qualquer direito do trabalhador, salvo o disposto no número seguinte.
2 – Sem prejuízo de outras disposições legais, determinam a perda de retribuição as seguintes faltas justificadas:
a) Por motivo de doença, desde que o trabalhador beneficie de um regime de segurança social de protecção na doença;
b) Por motivo de acidente no trabalho, desde que o trabalhador tenha direito a qualquer subsídio ou seguro;
c) A prevista no artigo 252.º (Falta para assistência a membro do agregado familiar)
d) As previstas na alínea j) do n.º 2 do artigo 249.º quando excedam 30 dias por ano (A que por lei seja como tal considerada.)
e) A autorizada ou aprovada pelo empregador.
3 – A falta prevista no artigo 252.º (Falta para assistência a membro do agregado familiar) é considerada como prestação efectiva de trabalho.


Pode-se consultar o Código do Trabalho, onde se lêem estes artigos aqui:
http://www.cite.gov.pt/pt/legis/CodTrab_L1_005.html

Resumindo:
Basta entregar no trabalho uma declaração médica que diga que temos de ficar em casa depois de estar feito o tratamento de PMA e não será preciso meter a baixa :)

Nota (actualização):
Apesar de me terem dito nos Recursos Humanos, pelo advogado da empresa, que não seria preciso meter baixa independentemente do período de repouso, da última vez os RH só me aceitou a "lei" durante 2 dias e disse que seria preciso baixa a partir do 3º dia - e como não tinha pedido a baixa, meti dias de férias.
No próximo tratamento vou voltar a esclarecer isto com os RHs e pedir uma declaração por escrito do entendimento do advogado, que da última vez me esclareceu apenas verbalmente.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

3ª FIV/ICSI: Eco e análise Nº3

Hoje foi mais um dia de análises e eco na MAC.
Hoje as análises estavam cheias de gente. Demorei lá imenso tempo, apesar de continuar a chegar lá às 7.45. Às 8 é que começam a atender, mas as senhas verdes são prioritárias e eu só tenho direito à senha normal - azul.
Depois da rotina de tirar sangue para medir o nível de estradiol, lá fui à secção de PMA fazer a eco. Mais uma vez, estava tudo cheio e só eram 9 e qualquer coisa. A partir das 9.30 começaram a chamar para a eco e fui na 2ª ronda de pessoas chamadas. Desta vez foi a Drª Teresinha que me fez a eco e os ovócitos já estavam mais crescidinhos. O maior estava com 14 e o resto era menor que isso, mas já não me lembro dos valores.
À tarde ligaram-me e é para manter a medicação nas mesmas unidades e é para voltar no dia 25 de Abril, feriado em Portugal.

25 de Abril de 1974: Revolução dos Cravos

sábado, 21 de abril de 2012

3º FIV/ICSI: Início das picas da manhã

Ontem, dia 20, foi dia de análises e eco. Foi a Drª Graça que me fez a eco (a Drª que me fez a histeroscopia).
Tinha vários ovócitos com tamanho 10, 9 e 8 e vários com tamanho <7.
Sobre os resultados das análises não sei, mas quando fiz as análises pedi a senha no guichet para poder aceder via internet. Ainda não fui consultar. Mas suponho que esteja tudo ok.


No telefonema da tarde disseram para começar hoje com as injecções de Orgalutran de manhã. E assim arranquei com o esquema das injecções de manhã e injecções à noite (Puregon 100u).
A próxima eco+análises será na segunda-feira dia 23.

Entretanto, no trabalho aproveitei para ir aos Recursos Humanos perguntar sobre a aplicação da lei que nos permite ficar em casa com falta justificada e remunerada, mediante justificação médica, devido ao tratamento de PMA. Disseram que iam ver isso e que para a semana me diziam qualquer coisa.
Desta vez estou a planear não vou meter baixa, e usar esta forma que a lei permite, porque para ter a baixa é preciso levar a justificação médica ao centro de saúde (e perde-se uma manhã ou uma tarde nisto) e para além disso, os 3º primeiros dias de baixa não são pagos nem pela empresa nem pela segurança social.
Ou seja, metendo baixa, fica-se a perder €€ e se a lei permite ter faltas justificadas remuneradas devido a tratamentos de PMA, temos de o aproveitar e não sermos totós.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Artigo da Revista Activa: Mantenha-se fértil durante mais tempo

Mais um artigo com informação boa para partilhar...

Se sonha ter um filho, mas adia constantemente essa decisão, torna-se necessário adoptar um estilo de vida saudável para que a sua fertilidade não seja afectada.


"Faz cada vez mais sentido falar de medidas de preservação da fertilidade", observa Daniela Sobral, especialista em Medicina da Reprodução "Os tratamentos de infertilidade são muito pesados a nível psicológico, financeiro e físico. Chegam a ter a dimensão de tratamentos oncológicos. Não compreendo que uma mulher se submeta a eles sem primeiro deixar de fumar e manter um IMC (Índice de Massa Corporal) saudável." Eis, então, os conselhos essenciais:

Mantenha-se longe do tabaco: Os cigarros envelhecem os tecidos e comprometem a vascularização dos ovários. O estrago é tanto que, uma mulher que fume 20 cigarros por dia, vê a sua fertilidade 10 anos envelhecida: aos 25 anos, terão as mesmas hipóteses de engravidar de uma mulher de 35.

Até querer engravidar, use dupla protecção: Pode até parecer um contra-senso dizer que o preservativo e a pílula ajudam a preservar a fertilidade. Mas não o é, nem em relações estáveis, como esclarece a especialista. "As infecções sexualmente transmissíveis (IST) podem provocar infertilidade. A clamídea, por exemplo, causa infecções que podem ser assintomáticas mas que podem bloquear as trompas e, aí sim, causar infertilidade. Isso não tem tratamento e a mulher só se apercebe quando tenta engravidar e não consegue. Se o homem tiver muitas infecções testiculares, isso compromete a qualidade do esperma." O uso do preservativo defende-nos das IST mas a pílula também ajuda na preservação da fertilidade. "Faz com que o ovário fique parado entre ovulações, previne a endometriose, quistos e cancro do ovário. Por si só, o contraceptivo não faz com que a mulher tenha problemas de fertilidade: uma mulher que tome a pílula vai engravidar mais tarde por causa da sua idade, e não por causa da toma. Mas tem de ser conjugada com o preservativo para ser eficaz."

Mantenha um bom IMC: Segundo Daniela Sobral, "o ideal é mantê-lo em níveis saudáveis. Acima dos 27 e abaixo dos 19, a Natureza impede ou dificulta a ovulação. Tanto um IMC baixo ou alto comportam riscos enormes durante a gravidez: há taxas maiores de aborto espontâneo, morte in utero, prematuridade e complicações durante a gravidez. Mas as mulheres aceitam mal ser chamadas à atenção por causa do peso." Investigadores do St. Mary's Hospital de Londres descobriram que as mulheres obesas têm 60% mais de hipóteses de repetir um aborto espontâneo do que as de peso normal.

Um copo de vinho não lhe faz mal: Para as mulheres considera-se um consumo moderado de álcool a ingestão de uma ou duas unidades por dia (uma unidade é um copo de vinho ou meia caneca de cerveja). Para os homens, ultrapassar as três a quatro unidades por dia pode afectar a qualidade do esperma.

Experimente a acupunctura: Esta terapia centra-se na activação de pontos ligados com o útero e ovários, bem como daqueles que induzem ao relaxamento. Há alguns anos, vários estudos científicos comprovavam que a acupunctura aumentava ligeiramente as hipóteses de conceber, quanto mais não seja por que é eficaz a baixar os níveis de stresse e ansiedade atingem as mulheres que tenta engravidar.

Fique longe de poluentes ambientais: A exposição a pesticidas, mercúrio e químicos como os ftalatos, presentes nos plásticos, pode estar a atingir negativamente a fertilidade humana. Todos os recipientes de plástico para armazenar comida devem ter um triângulo, em baixo, com um número: os especialistas dizem para evitarmos os 3, 6 e 7 e aconselham não aquecermos comida no microondas em recipientes feitos de plástico.

Por: Cristina Correia/ACTIVA
26 Março 2010, às 13:15

Em: http://activa.sapo.pt/belezaesaude/saude/2010/03/26/mantenha-se-fertil-durante-mais-tempo

Artigo da Revista Activa: Estamos a ficar menos férteis?

Acho importante partilhar este artigo...

O adiar da maternidade, estilos de vida pouco saudáveis, mas também o que comemos e a poluição que nos rodeia estão a afectar a fertilidade de homens e mulheres. Saiba porquê e como reverter a tendência.


Crê-se que um em cada 10 casais portugueses tenha problemas em conceber - as estatísticas mundiais rondam os 15% da população.

Segundo a Sociedade Portuguesa de Medicina de Reprodução, são 500 mil indivíduos em idade fértil e cerca de 10 mil novos casos por ano. "Aparecem mais pessoas à procura de tratamentos de fertilidade", confirma Daniela Sobral, especialista em Medicina Reprodutiva no Hospital dos Lusíadas (Lisboa) e membro da Associação Portuguesa de Fertilidade. Um facto que não é alheio às mudanças sociais: hoje, os casais têm acesso ao planeamento familiar, querem estabilizar a vida profissional e financeira antes de se lançarem na aventura da paternidade; as mulheres planeiam ter menos filhos e mais tarde, o que compromete o pico da fertilidade. Para uma mulher saudável, ele acontece, em média, pouco depois dos 20 anos, justamente a altura em que mais evitamos filhos.

Mas, mesmo que nada tivesse mudado a nível social, os especialistas acreditam que não temos hoje o mesmo potencial de fertilidade dos nossos avós. Porquê?

Uma hipótese em cinco
"Para começar, não somos uma espécie muito fértil", revela Daniela Sobral. "Um casal perfeitamente fértil, que tenha relações durante a ovulação, tem apenas 20% de probabilidade de engravidar." Porquê tão pouco? Primeiro, nada garante que óvulo e espermatozóide se encontrem. E, mesmo quando se encontram, muitas gravidezes nunca vão avante - a taxa pode chegar aos 60% em cada mulher - ou porque a implantação no útero não aconteceu da melhor maneira ou por alterações cromossomáticas. "É um controlo de qualidade da Natureza. A mulher nem se apercebe que esteve grávida. Mas, ao final de um ano de relações sexuais, normalmente 90% dos casais consegue uma gravidez. É por isso que só falamos em infertilidade quando um casal tem relações sexuais regulares e desprotegidas há mais de um ano sem conseguir conceber."
A infertilidade trata-se sempre no âmbito do casal e nunca em indivíduos isolados - são preciso dois para dançar tango; para conceber também. "Os casos de infertilidade - ou esterilidade, como se chamava antes - são raríssimos", explica-nos Daniela Sobral. "O que temos mais são casos de subfertilidade, ou seja, um pouco menos de capacidade de conseguir uma gravidez e mais demora a conceber."
Actualmente, segundo a especialista, crê-se que cerca de 40% das causas de infertilidade estejam ligadas à mulher, 40% ao homem, havendo ainda 10% de infertilidade mista (presente em ambos os parceiros). Os restantes 10% são de causa desconhecida.

O factor idade
A idade em que a mulher planeia engravidar é principal causa isolada para a subfertilidade. Injusto mas, quando julgamos ter mais maturidade e a vida mais estabilizada para criar um filho, a Natureza troca-nos os planos.
Quando nascemos, já trazemos todos os ovócitos que teremos disponíveis para o resto da vida. "Não há renovação; é aquela quantidade e não há mais", explica Daniela Sobral. "Quando a mulher chega a uma certa idade tem um número menor de ovócitos, para além da qualidade também ser menor. Alguns estudos apontam para o facto de os primeiros ovócitos a serem seleccionados serem os de melhor qualidade." Assim sendo, o nosso organismo começará a seleccionar para a ovulação o melhor material genético, desde a primeira menstruação. "Faz sentido que assim seja. É uma selecção de qualidade da Natureza. Se tivesse uma empresa, quem recrutaria primeiro: os melhores ou piores candidatos?" Esta diminuição da qualidade e quantidade começa cedo, ainda antes dos 30 anos, atingindo uma queda acentuada a partir dos 38. "É claro que esta idade varia de mulher para mulher: em algumas só se regista aos 40, em outras, aos 32. Até aí, há uma descida lenta e gradual, mas a partir dos 38, a queda é a pique."

Os homens estão mais inférteis
Mas são os homens quem parece manifestar resultados mais preocupantes no capítulo da infertilidade e os cientistas crêem que isso se deve a factores ambientais, como poluentes e alimentação. Vários estudos mundiais confirmam que a concentração e mobilidade dos espermatozóides diminuiu nos adolescentes de hoje. Em condições normais, um homem produz 100 milhões de espermatozóides por ejaculação. Se produzir menos de 20 milhões, considera-se que a sua fertilizada está seriamente comprometida. "Num estudo recente feito com rapazes de 18 anos, descobriu-se que um em cada cinco é subfértil. Isso pode ter a ver com diversos factores, ambientais ou de alimentação", informa Daniela Sobral.
Nos últimos anos, o aparecimento de patologias como a doença das 'vacas loucas' fez-nos alterar hábitos alimentares. Os homens que substituíram carne e leite de vaca por soja e seus derivados - e os consumem regularmente - podem ter alterado os seus padrões de fertilidade, segundo Daniela Sobral. A soja contém estrogénios naturais, hormonas mais presentes nas mulheres. "Por outro lado, também a carne de vaca e lacticínios, bem como frango, estão cheios de outras hormonas. São fenómenos recentes e ainda não há muitos estudos aprofundados mas começa a ser preocupante."
Nos homens, a renovação de esperma dá-se a cada dois ou três meses. "Há muitas coisas que podem interferir na qualidade e produção de espermatozóides. O aumento da temperatura testicular é um deles. Um homem que tenha estado com febre terá a qualidade do seu esperma alterada. Se trabalhar em condições que façam aumentar essa temperatura, também. É o caso de cozinheiros, ferreiros, motoristas de longo curso, praticantes de BTT, mas também quem faz banho turco ou sauna duas ou três vezes por semana, usa o computador portátil no colo ou calças e cuecas muito justas."

Por: Por Cristina Tavares Correia
29 Março 2012, às 18:33
Em: http://activa.sapo.pt/belezaesaude/saude/2012/03/29/estamos-a-ficar-menos-ferteis